A Câmara dos Deputados deve votar nos próximos dias o projeto de anistia que pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro. Após meses de pressão, o presidente da Câmara, Hugo Motta, pautou na noite dessa quarta-feira (17) a urgência da proposta, que foi aprovada pelo placar de 311 a 163.
Com a decisão, o projeto poderá ir diretamente a plenário, sem passar por debates nas comissões. Após a votação, Hugo Motta repetiu o discurso dos apoiadores dos golpistas de que o país será pacificado com a anistia.
'O Brasil precisa de pacificação. Não se trata de apagar o passado, mas de permitir que o presente seja reconciliado e o futuro construído em bases de diálogo e respeito. Há temas urgentes à frente e o país precisa andar.
Temos na casa visões distintas e interesses divergentes sobre os acontecimentos de 8 de janeiro de 2023. É no plenário que as ideias se enfrentam, divergências se encontram e a democracia pulsa com força total'.
Para aprovar a urgência, a Câmara usou um projeto do deputado Marcelo Crivella, do Republicanos, que já estava pronto.
A proposta anistia todos os envolvidos em atos golpistas desde 30 de outubro de 2022 até o dia que a lei entrar em vigor. Os deputados ainda vão discutir o texto definitivo, que pode dar o perdão ou reduzir as penas dos condenados.
Deputados da oposição, como Luciano Zucco, Sóstenes Cavalcante e Nikolas Ferreira, querem incluir o ex-presidente Jair Bolsonaro e os outros condenados do núcleo principal da trama golpista.
Parlamentares governistas, como Lindbergh Farias, Talíria Petrone e o pastor Henrique Vieira, criticaram duramente a decisão de Hugo Motta em pautar a anistia aos golpistas.
Em entrevista à BBC News Brasil, o presidente Lula avisou que vetará o perdão a Jair Bolsonaro, se a lei passar no Congresso.
Lula: Se os partidos políticos entenderem que é preciso dar anistia e vão votar a anistia, é um problema do Congresso. Se viesse para eu vetar, pode ficar certo que eu vetaria.
Jornalista: E o senhor vetaria um projeto para reduzir as penas dos outros envolvidos?
Lula: Você está pedindo para eu discutir uma coisa que é do Poder Judiciário. Vamos esperar o processo terminar, depois vamos ver o que vai fazer, vamos ver qual é o comportamento do Congresso Nacional. Tem gente dizendo que se for eleito vai liberar, vai dar induto.
CBN