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Lançado candidato, Bolsonaro elogia mulheres, chora e diz ser patinho feio

Ricardo Moraes / Reuters

O PSL (Partido Social Liberal) lançou neste domingo (22), em convenção no Rio de Janeiro, a candidatura do deputado federal e capitão da reserva Jair Bolsonaro à Presidência da República, mas ainda não definiu quem ocupará a cadeira de vice na chapa. O candidato se emocionou no evento, fez um discurso com aceno às mulheres -- fatia do eleitorado onde tem menos aceitação --, criticou a esquerda, a imprensa e disse ser um "patinho feio" nas eleições.

"Eu sou o patinho feio nessa história, mas que tenho certeza: seremos bonitos brevemente", declarou.

Segundo ele, "o que está em jogo nesse momento que se aproxima é o destino dessa grande nação chamada Brasil". Ele também diz que vem causando "desconforto naquilo que chamam de establishment", disse.

O discurso foi recheado de críticas ao PT e aos adversários, como o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB). "Quero agradecer Geraldo Alckmin por ter juntado a nata do que há de pior no Brasil ao seu lado", disse, sobre as alianças do tucano com o "centrão".

Bolsonaro foi recebido com festa no salão principal do Centro de Convenções Sul-América, na região central do Rio. O candidato do PSL compôs a mesa junto aos três nomes que já foram cotados para vice em sua chapa: Janaina Paschoal (PSL), Magno Malta (PR) e general Heleno (PRP). A convenção começou com a execução do hino nacional, momento em que Bolsonaro chorou.

Durante o discurso, Bolsonaro disse ter decidido lançar sua candidatura pensando em um "Brasil melhor" para a sua filha de 7 anos, Laura, e para "todas as crianças do país". Declarou ainda que considera importante o papel da mulher na sociedade. "Elas são em grande parte responsáveis pela educação das crianças do nosso Brasil. Elas têm um senso de responsabilidade muito maior do que eu."

O agora candidato à Presidência reclamou que, "muitas vezes, tentam jogá-lo cada vez mais contra as mulheres". "Todos nós viemos de um ventre de uma mulher. Sequer teríamos nascido se não fosse pelo amor delas."

Bolsonaro afirmou que foi "montando seu exército" ao longo do tempo, com as viagens pelo Brasil, e que a "caçula da turma" é a advogada Janaina Paschoal, cotada para vice. Ele ressaltou que Janaina "não tem nenhuma idolatria ou seja lá o que for no tocante" ao seu nome. "O compromisso dela é com o Brasil", declarou.

O pré-candidato também mencionou a presença do ator Alexandre Frota, que protagonizou filmes pornô, entre os apoiadores presentes na convenção. "Me perguntam: 'Pô, mas esse cara?'. 'Esse cara, sim!'. Quantas coisas que fizemos no passado e hoje não faríamos. Nós evoluímos e mudamos algumas coisas."

Dificuldade para escolher vice

Em entrevista a jornalistas após a convenção, Bolsonaro falou das dificuldades que vem encontrando para definir o vice de sua chapa.

"Tentamos o general Heleno, mas o partido que ele é filiado não concordou. A Janaina estava no nosso radar, mas ela pediu um tempo [para tomar decisão]. Nenhum pré-candidato anunciou seu vice ainda. Temos um tanto e não podemos errar, tanto eu quanto ela."

"Mas ela falou que de qualquer maneira estará conosco aqui [na campanha]"

O presidenciável disse acreditar que Janaina ainda não tomou sua decisão porque a campanha provocaria uma mudança abrupta de rotina, já que a advogada é mãe de dois filhos e tem uma vida estabilizada como professora universitária em São Paulo.

"No meu entender, isso que tá atrasando um pouco a decisão dela."

Bolsonaro lembrou ainda que, além do general Heleno, também negociou a indicação para o cargo de vice com o senador Magno Malta (PR-ES), porém a conversa não avançou. Questionado sobre outras opções caso Janaina não aceite o convite, ele disse que estudaria nomes dentro do próprio PSL ou até mesmo um militar que esteja na ativa.

"Nossa lagoa é muito pequena para pegar um vice."

Aliados de Bolsonaro criticam imprensa

O discurso de abertura foi feito pelo presidente nacional do PSL em exercício, Gustavo Bebbiano, um dos homens de confiança de Bolsonaro. "Para mim, esse homem hoje é um herói nacional. Poucas pessoas, inclusive a imprensa, conhecem o coração de Jair Bolsonaro e a sua capacidade de enfrentar desafios. A sua resiliência", disse.

José Lucena/FuturaPress/Estadão Conteúdo

"Posso dizer que eu sou, de forma hétero, um homem apaixonado pelo Jair Bolsonaro", completou.

Em seu discurso, o senador Magno Malta observou que Janaina se sentou ao lado de Jair Bolsonaro e afirmou que "fazia muito gosto de onde ela estava".

Magno disse ainda que "vai cruzar o Brasil" com o "amigo" Bolsonaro e que espera que o jogo "seja definido ainda no primeiro turno" --em referência a uma possível definição do pleito no primeiro turno. "O que eu puder agregar, agregarei."

Também declarou que "nunca abandonou" o presidenciável do PSL, culpando a imprensa e negando informações de que havia rompido com Bolsonaro. "Comungamos das mesmas ideias e dos mesmos entendimentos. O que o Brasil quer é o que eu quero: um homem de mãos limpas. E você tem mãos limpas."

O general Augusto Heleno também atacou a imprensa em sua fala, e negou que tenha recusado convite para ser o vice na chapa de Bolsonaro. "Parte da imprensa, além de ser especialista em fake news, especializou-se em lixo news", declarou.

"Fabricaram uma história que eu havia recusado ser o vice-presidente na chapa do Bolsonaro. Isso é uma calúnia. Jamais disse isso. Desde o primeiro momento, eu disse que não havia uma decisão. Eu encarava aquilo como uma missão a ser cumprida. E eu nunca fugi de missão", completou.

Em cenários sem Lula, Bolsonaro lidera pesquisas

Apesar de largar na frente nas pesquisas, o presidenciável enfrentará o desafio de conseguir, sem partidos aliados e com um minúsculo tempo de propaganda eleitoral na TV, superar a polarização entre PSDB e PT que vem desde 1995. Bolsonaro trocou, em março deste ano, o PSC pelo PSL, legenda que hoje conta, além dele, com apenas outros sete deputados federais, entre eles o seu filho, Eduardo Bolsonaro (SP).

Além dos nomes cotados para vice de Bolsonaro, participaram da mesa o deputado federal Major Olímpio (PSL-SP), o presidente nacional licenciado do PSL, Luciano Bivar, os três filhos de pré-candidato (Carlos Bolsonaro, vereador no Rio; Flávio Bolsonaro, deputado estadual no RJ; e Eduardo Bolsonaro, parlamentar da bancada paulista na Câmara).

Os organizadores da convenção estimavam que cerca de 2.500 pessoas estariam presentes na convenção. A direção do PSL ainda não confirmou se o número foi alcançado. Em seu discurso, Bolsonaro disse que foram "3.000 pessoas sem gastar um centavo", e o público respondeu com gritos de "eu vim de graça".

UOL
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