O secretário de Defesa Social de Pernambuco, Alessandro Carvalho, informou, em entrevista coletiva no fim da tarde desta sexta-feira (16), que os policiais militares envolvidos com o movimento grevista realizado em Pernambuco poderão ser punidos. "Greve é considerada motim ou rebelião pelo Código Penal Militar. Estou falando de crime. Estamos consolidando os dados para instaurar inquéritos, para encaminhar à Justiça Militar. Tudo será feito em seu devido tempo e respeitando todos os direitos dos envolvidos, que podem responder a ação de ordem criminal ou responsabilização civil", acrescentou Carvalho.
Apesar do fim da greve, 2.250 homens das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança Pública seguem nas ruas de Pernambuco, sendo 1.300 na capital e região metropolitana, e 950 nas cidades do interior. O decreto que garante a permanência das tropas no estado é válido até 29 de maio. "A logística para trazer as tropas é complicada e onerosa. Já que houve essa despesa, é prudente que a tropa permaneça no estado, mas essa medida de exceção pode ser retirada a qualquer momento", pontuou o secretário Carvalho. Essa redução do tempo também é considerada pelo governador João Lyra Neto. "Ele poderá ser reduzido, dependendo do restabelecimento do clima, ou prorrogado, mas nós acreditamos que [a ordem] deverá ser restabelecida o mais rápido possível", disse, em entrevista à Globonews [veja no vídeo acima].
Mais roubos e homicídios; menos furtos
De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), no período da paralisação, houve aumento de 136,35% no número médio de roubos no estado. Entre 1º de janeiro a 12 de maio, a média foi de 126,5 por dia -- de 13 a 15 de maio, período da greve, foram 897 roubos, elevando a média para 299 por dia.
Em relação aos homicídios, a SDS informou que a média de assassinatos durante a paralisação foi de 13,3 homicídios por dia, em Pernambuco, quantidade superior à registrada nos primeiros doze dias do mês (9,8). Durante a mobilização dos PMs, foram registrados 12 homicídios no Recife, mais 14 na região metropolitana e outros 14 no interior. Já o número de furtos no estado caiu 22,86%. "Apesar da quantidade de pessoas saqueando que vimos em diversos estabelecimentos, cada loja é uma ocorrência, é considerado um único furto", detalha Carvalho.
O general Jesus Corrêa, da 7ª Região Militar (RM), comandante da operação em Pernambuco, disse que hoje estão em atuação tropas do próprio estado e outras vinda de Maceió, que foram convocadas para garantia da lei e da ordem pública. "Além da capital, ocupamos cidades estratégicas, como Petrolina, no Sertão, e Garanhuns e Caruaru, no Agreste. Passamos a realizar o patrulhamento e a autuação de ações delituosas, como saques. Na parte da tarde [de hoje], realizamos um périplo nos principais pontos do estado e vimos que a população tem retomado seu cotidiano, que está de volta à normalidade", pontuou o general.
Corrêa detalhou que a capital foi dividida em quadrantes. Os militares ocuparam pontos recomendados pela SDS onde havia mais ocorrências, como o entorno do Aeroporto do Recife, terminais de ônibus e locais de grande circulação. Segundo Carvalho, após o fim da paralisação, os PMs voltaram de forma gradual ao trabalho, antes da meia-noite de quinta-feira (15). "Acompanhamos as trocas de turnos, que ocorrem às 7h, e tudo ocorreu bem. Não tivemos mais registros de saques e roubos", comentou.
O general contou também que tropas do Rio Grande do Norte estavam em deslocamento, mas voltaram a seus quartéis em função do fim da greve. Militares lotados em outros estados também já tinham sido mobilizados. O secretário da Casa Civil, Luciano Vasquez, afirmou que a ação integrada no estado continua sendo acompanhada por uma comissão permanente.
Tanto o secretário Alessandro Carvalho quando o governador João Lyra Neto chamaram a atenção para as cenas de vandalismo durante os saques promovidos pela população de várias cidades. "Não é somente a ausência da polícia que provocaria a população a fazer saques como foram feitos. Nós temos que aprofundar essa investigação, ver as causas desse sentimento da população. [...] Se aconteceu em Pernambuco, deverá acontecer em outros estados, nós temos a preocupação de identificar essas causas", destacou Lyra Neto. "A polícia não estava nas ruas e vimos o que se instalou. Não eram criminosos contumazes envolvidos nos crimes, mas mulheres e até crianças. Isso merece uma grande reflexão", opinou Carvalho.
Posição dos grevistas
Nesta sexta, as lideranças da comissão independente dos PMs que organizou a paralisação voltaram a afirmar que as conquistas conseguidas pela categoria foram importantes. "Por causa de uma lei, não pudemos lutar mais sobre o aumento de nosso salário, mas conseguimos vitórias", afirmou o soldado Joel Maurino, um dos líderes do movimento. A partir da segunda-feira (19), uma comissão irá acompanhar a votação do plano de promoções dos praças na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).
Fim do movimento
A comissão independente de policiais e bombeiros militares decidiu encerrar a greve da Polícia Militar, na noite da quinta, em assembleia no Centro do Recife. A reunião foi tumultuada e os líderes do movimento chegaram a ser vaiados por quem queria continuar com a paralisação. Três itens foram acordados com o governo: a reestruturação do Hospital da PM, implantação da gratificação por risco de vida no salário-base e a aprovação, até julho, na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), de promoções para os praças.
A categoria, que iniciou o movimento na noite de terça (13), também cobrava aumento de 30% a 50%, dependendo da patente. No entanto, recuou da exigência. Após a paralisação ter sido decretada ilegal pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), o secretário da Casa Civil, Luciano Vasquez, afirmou que o canal de diálogo e negociação com os PMs havia sido encerrado.
Prejuízo dos comerciantes
A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do Recife não tem uma estimativa de quanto foi o prejuízo do comércio nos dois dias de greve da PM. “Como os lojistas não dizem o quanto faturam, não temos como calcular o total, mas foi um prejuízo muito grande. É uma cidade que recebe muita gente de municípios vizinhos e deixou de receber por dois dias”, afirmou o presidente da CDL Recife, Eduardo Catão. Segundo ele, nesta sexta ainda há a ressaca da população e por isso poucas pessoas saíram às ruas. “A expectativa é que mais gente saia de casa durante a tarde, porque vai ganhando confiança de que está tudo bem de novo”, explica.
Em Abreu e Lima, nem a CDL nem o Sindicato das Empresas no Comércio e Serviços do Eixo Norte (Sindinorte) conseguiram calcular, exatamente, de quanto foi o prejuízo causado pelas depredações no comércio da cidade. Inicialmente, a CDL de Abreu e Lima trabalhava com a quantia de R$ 1 bilhão de prejuízo, mas de acordo com o presidente Evandro Alves de Lima, o número se referia a uma previsão feita caso a greve durasse cinco dias e todo o eixo norte do estado fosse afetado por depredações.
“Essa expectativa seria dos cinco dias em todo o eixo norte, que incluem Abreu e Lima, Igarassu, Olinda, Paulista, Itamaracá e Itapissuma. Nós da CDL e do Sindinorte fizemos um cálculo acreditando que a greve ia durar cinco dias, somando o dinheiro dos produtos saqueados e o que as lojas deixariam de ganhar sem as vendas”, disse Evandro Alves.
Saques e depredações
Durante toda a quinta-feira, saques, depredações e outros crimes foram registrados em cidades do Grande Recife e no interior do estado. O comércio fechou as portas em várias localidades e as aulas foram suspensas em universidades e escolas públicas e particulares. O clima de insegurança deixou ruas desertas e o trânsito livre nos principais corredores da capital pernambucana. Empresas e instituições públicas suspenderam o expediente mais cedo e liberaram funcionários.
Em Paulista, Região Metropolitana, vândalos arrombaram e furtaram lojas no centro comercial da cidade na quinta. Policiais da Companhia de Operações e Sobrevivência em Área de Caatinga (Ciosac) encontraram eletrodomésticos escondidos em telhados e entre as bancas de uma feira e na área do comércio informal do município. Funcionários de uma empresa de segurança privada chegaram a efetuar disparos para o alto para retirar dinheiro de um caixa e levá-lo para um carro-forte.
No Centro do Recife, um boato de arrastão fez parte do comércio fechar as portas. No bairro da Encruzilhada, Zona Norte da cidade, houve um arrastão por volta das 10h. Um grupo formado por cerca de 30 pessoas passou em direção ao Arruda, pela Avenida Beberibe. A agência dos Correios que fica no bairro fechou e clientes ficaram revoltados.
A Prefeitura e a Câmara de Toritama, no Agreste do estado, foram depredadas e tiveram mobiliário queimado. Adolescentes suspeitos de participar dos atos de vandalismo foram apreendidos e levados à Delegacia de Santa Cruz do Capibaribe, na mesma região.
Apesar do fim da greve, 2.250 homens das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança Pública seguem nas ruas de Pernambuco, sendo 1.300 na capital e região metropolitana, e 950 nas cidades do interior. O decreto que garante a permanência das tropas no estado é válido até 29 de maio. "A logística para trazer as tropas é complicada e onerosa. Já que houve essa despesa, é prudente que a tropa permaneça no estado, mas essa medida de exceção pode ser retirada a qualquer momento", pontuou o secretário Carvalho. Essa redução do tempo também é considerada pelo governador João Lyra Neto. "Ele poderá ser reduzido, dependendo do restabelecimento do clima, ou prorrogado, mas nós acreditamos que [a ordem] deverá ser restabelecida o mais rápido possível", disse, em entrevista à Globonews [veja no vídeo acima].
Mais roubos e homicídios; menos furtos
De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), no período da paralisação, houve aumento de 136,35% no número médio de roubos no estado. Entre 1º de janeiro a 12 de maio, a média foi de 126,5 por dia -- de 13 a 15 de maio, período da greve, foram 897 roubos, elevando a média para 299 por dia.
Em relação aos homicídios, a SDS informou que a média de assassinatos durante a paralisação foi de 13,3 homicídios por dia, em Pernambuco, quantidade superior à registrada nos primeiros doze dias do mês (9,8). Durante a mobilização dos PMs, foram registrados 12 homicídios no Recife, mais 14 na região metropolitana e outros 14 no interior. Já o número de furtos no estado caiu 22,86%. "Apesar da quantidade de pessoas saqueando que vimos em diversos estabelecimentos, cada loja é uma ocorrência, é considerado um único furto", detalha Carvalho.
O general Jesus Corrêa, da 7ª Região Militar (RM), comandante da operação em Pernambuco, disse que hoje estão em atuação tropas do próprio estado e outras vinda de Maceió, que foram convocadas para garantia da lei e da ordem pública. "Além da capital, ocupamos cidades estratégicas, como Petrolina, no Sertão, e Garanhuns e Caruaru, no Agreste. Passamos a realizar o patrulhamento e a autuação de ações delituosas, como saques. Na parte da tarde [de hoje], realizamos um périplo nos principais pontos do estado e vimos que a população tem retomado seu cotidiano, que está de volta à normalidade", pontuou o general.
Corrêa detalhou que a capital foi dividida em quadrantes. Os militares ocuparam pontos recomendados pela SDS onde havia mais ocorrências, como o entorno do Aeroporto do Recife, terminais de ônibus e locais de grande circulação. Segundo Carvalho, após o fim da paralisação, os PMs voltaram de forma gradual ao trabalho, antes da meia-noite de quinta-feira (15). "Acompanhamos as trocas de turnos, que ocorrem às 7h, e tudo ocorreu bem. Não tivemos mais registros de saques e roubos", comentou.
O general contou também que tropas do Rio Grande do Norte estavam em deslocamento, mas voltaram a seus quartéis em função do fim da greve. Militares lotados em outros estados também já tinham sido mobilizados. O secretário da Casa Civil, Luciano Vasquez, afirmou que a ação integrada no estado continua sendo acompanhada por uma comissão permanente.
Tanto o secretário Alessandro Carvalho quando o governador João Lyra Neto chamaram a atenção para as cenas de vandalismo durante os saques promovidos pela população de várias cidades. "Não é somente a ausência da polícia que provocaria a população a fazer saques como foram feitos. Nós temos que aprofundar essa investigação, ver as causas desse sentimento da população. [...] Se aconteceu em Pernambuco, deverá acontecer em outros estados, nós temos a preocupação de identificar essas causas", destacou Lyra Neto. "A polícia não estava nas ruas e vimos o que se instalou. Não eram criminosos contumazes envolvidos nos crimes, mas mulheres e até crianças. Isso merece uma grande reflexão", opinou Carvalho.
Posição dos grevistas
Nesta sexta, as lideranças da comissão independente dos PMs que organizou a paralisação voltaram a afirmar que as conquistas conseguidas pela categoria foram importantes. "Por causa de uma lei, não pudemos lutar mais sobre o aumento de nosso salário, mas conseguimos vitórias", afirmou o soldado Joel Maurino, um dos líderes do movimento. A partir da segunda-feira (19), uma comissão irá acompanhar a votação do plano de promoções dos praças na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).
Fim do movimento
A comissão independente de policiais e bombeiros militares decidiu encerrar a greve da Polícia Militar, na noite da quinta, em assembleia no Centro do Recife. A reunião foi tumultuada e os líderes do movimento chegaram a ser vaiados por quem queria continuar com a paralisação. Três itens foram acordados com o governo: a reestruturação do Hospital da PM, implantação da gratificação por risco de vida no salário-base e a aprovação, até julho, na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), de promoções para os praças.
A categoria, que iniciou o movimento na noite de terça (13), também cobrava aumento de 30% a 50%, dependendo da patente. No entanto, recuou da exigência. Após a paralisação ter sido decretada ilegal pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), o secretário da Casa Civil, Luciano Vasquez, afirmou que o canal de diálogo e negociação com os PMs havia sido encerrado.
Prejuízo dos comerciantes
A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do Recife não tem uma estimativa de quanto foi o prejuízo do comércio nos dois dias de greve da PM. “Como os lojistas não dizem o quanto faturam, não temos como calcular o total, mas foi um prejuízo muito grande. É uma cidade que recebe muita gente de municípios vizinhos e deixou de receber por dois dias”, afirmou o presidente da CDL Recife, Eduardo Catão. Segundo ele, nesta sexta ainda há a ressaca da população e por isso poucas pessoas saíram às ruas. “A expectativa é que mais gente saia de casa durante a tarde, porque vai ganhando confiança de que está tudo bem de novo”, explica.
Em Abreu e Lima, nem a CDL nem o Sindicato das Empresas no Comércio e Serviços do Eixo Norte (Sindinorte) conseguiram calcular, exatamente, de quanto foi o prejuízo causado pelas depredações no comércio da cidade. Inicialmente, a CDL de Abreu e Lima trabalhava com a quantia de R$ 1 bilhão de prejuízo, mas de acordo com o presidente Evandro Alves de Lima, o número se referia a uma previsão feita caso a greve durasse cinco dias e todo o eixo norte do estado fosse afetado por depredações.
“Essa expectativa seria dos cinco dias em todo o eixo norte, que incluem Abreu e Lima, Igarassu, Olinda, Paulista, Itamaracá e Itapissuma. Nós da CDL e do Sindinorte fizemos um cálculo acreditando que a greve ia durar cinco dias, somando o dinheiro dos produtos saqueados e o que as lojas deixariam de ganhar sem as vendas”, disse Evandro Alves.
Saques e depredações
Durante toda a quinta-feira, saques, depredações e outros crimes foram registrados em cidades do Grande Recife e no interior do estado. O comércio fechou as portas em várias localidades e as aulas foram suspensas em universidades e escolas públicas e particulares. O clima de insegurança deixou ruas desertas e o trânsito livre nos principais corredores da capital pernambucana. Empresas e instituições públicas suspenderam o expediente mais cedo e liberaram funcionários.
Em Paulista, Região Metropolitana, vândalos arrombaram e furtaram lojas no centro comercial da cidade na quinta. Policiais da Companhia de Operações e Sobrevivência em Área de Caatinga (Ciosac) encontraram eletrodomésticos escondidos em telhados e entre as bancas de uma feira e na área do comércio informal do município. Funcionários de uma empresa de segurança privada chegaram a efetuar disparos para o alto para retirar dinheiro de um caixa e levá-lo para um carro-forte.
No Centro do Recife, um boato de arrastão fez parte do comércio fechar as portas. No bairro da Encruzilhada, Zona Norte da cidade, houve um arrastão por volta das 10h. Um grupo formado por cerca de 30 pessoas passou em direção ao Arruda, pela Avenida Beberibe. A agência dos Correios que fica no bairro fechou e clientes ficaram revoltados.
A Prefeitura e a Câmara de Toritama, no Agreste do estado, foram depredadas e tiveram mobiliário queimado. Adolescentes suspeitos de participar dos atos de vandalismo foram apreendidos e levados à Delegacia de Santa Cruz do Capibaribe, na mesma região.
G1